segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Lições de perseverança

por Rogerio Martins



Exemplos e lições de perseverança e dedicação existem aos montes. Nem é novidade a extraordinária força que as pessoas têm para superar os obstáculos e dificuldades. No entanto, precisamos ficar constantemente ligados a essas histórias e mensagens para que possamos agir como seus protagonistas.

Por isso, começo este artigo com três perguntas de fundamental importância para tratar esse tema: '

1. ¿O que separa uma história de sucesso e seus predestinados das pessoas comuns? Nada, pois todos eram comuns até suas histórias serem contadas.

2. ¿O que faz com que elas superem diferentes dificuldades relatadas como exemplos de vida a serem seguidos? Foco, desejo de mudança e motivação.

3. ¿Mas de onde vem essa motivação, esse desejo de mudança? Cecília Whitaker Bergamini explica que "as diferentes necessidades que coexistem no interior de cada um são comparadas àquilo que também se denominam desejos ou expectativas e têm como origem carências dos mais diferentes tipos, tanto no tocante ao componente físico como ao psíquico da personalidade".

Para explicar melhor esses questionamentos, repasso resumidamente uma história que li a respeito da cantora cubana Gloria Estefan.

Ela fez muito sucesso quando o grupo Miami Sound Machine estourou nas paradas americanas e mundiais. Sua mescla de ritmos latinos, pop e rock contemporâneo fez com que se destacasse do grupo e seguisse carreira solo.

Nessa reportagem, a cantora fala sobre a saída de sua família da ilha, em seu primeiro ano de vida, quando foi tomada por Fidel Castro. Eles foram para Miami, onde começava a se formar uma colônia de latinos e só se falava o idioma espanhol. Até os cinco anos, Gloria ouvia pouco a língua inglesa e muito menos falava o idioma, mesmo morando nos Estados Unidos.

Passadas algumas situações adversas com seu pai e sua família, acabaram mudando para outra cidade norte-americana. Foi quando Gloria ingressou na 1ª série da escola primária local. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "idiota". Era o apelido que outro aluno havia dado a ela.

O roteiro para a derrota parecia estar traçado: uma menina latina sem fluência no idioma local, diferente em hábitos, postura e fisionomia tendo de conviver com crianças altamente preconceituosas em um mundo totalmente desconhecido.

Como estamos tratando de lições de perseverança, claro que essa história tem um final feliz. Mas o que tornou possível uma reviravolta nesse quadro inicial de ruína foram alguns fatores: incentivo e estímulo de uma pessoa próxima (sua professora) e sua capacidade de ir à luta, de não se deixar abater pela dificuldade inicial.

O fator externo – nessa situação está a professora primária – teve importância ímpar, pois serviu como gatilho, como disparador do processo interno de mudança e motivação exercido pela protagonista dessa história.

O uso do reforço positivo e da punição, amplamente estudados e descritos pelos psicólogos behavioristas, traz uma visão prática sobre a influência dos estímulos externos. Entretanto, Steers e Porter lembram que: "Assim, estritamente falando, a teoria do reforço não é sobre motivação, porque, em si mesma, ela não diz respeito a aquilo que energiza ou inicia o comportamento".

Há, portanto, que se considerar que os principais fatores de toda essas transformações – resiliência e perseverança – estão no próprio indivíduo. Sua capacidade única de enxergar cada situação e agir positivamente sobre ela.

Viktor Frankl, psiquiatra judeu que foi preso pelos nazistas na segunda guerra mundial e sobreviveu ao holocausto, afirma: "A vida, potencialmente, tem sentido em quaisquer circunstâncias, mesmo nas mais miseráveis. E isso, por sua vez, pressupõe a capacidade humana de transformar criativamente os aspectos negativos da vida em algo positivo ou construtivo".

Há pessoas que reclamam do mundo por acreditar que são vítimas dos acontecimentos. Há outros que transformam os obstáculos em estímulos para se tornarem melhores.

A capacidade de olhar criticamente o mundo que os cerca, tomar decisões sabendo dos possíveis riscos e agir com perseverança e afinco, mas também com flexibilidade para mudar o rumo quando necessário são as características que, em grande parte, diferencia os bem-sucedidos dos medíocres.

De que lado você está? De que lado quer ficar? Sucesso!

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