quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pisos Protendidos - Processo Executivo

De dez anos para cá houve um aumento do volume de obras construídas com a finalidade de abrigar centros logísticos. Estas obras possuem algumas características em comum, como estocagem vertical através da utilização de estantes metálicas (porta-pallets, racks, etc.), o que gera grandes esforços pontuais (apoio das estantes), e uso intenso de empilhadeiras, muitas vezes com rodas rígidas (poliuretano), para a movimentação interna das mercadorias. Os elementos do piso mais agredidos pela passagem ininterrupta das empilhadeiras são as juntas, sendo que a agressão nas rodas e, consequentemente, no eixo e demais peças da empilhadeira ocorre severamente a cada passagem do equipamento por uma junta no piso.

Frente a estas considerações, a utilização do concreto protendido para execução de pisos industriais é a solução mais adequada e tecnicamente superior, pois propicia elevada resistência estrutural com a possibilidade de se executar placas enormes sem juntas (a placa recorde no Brasil possuí 6200 m2 sem juntas) com elevada durabilidade e economicamente competitiva. Como toda solução, o piso protendido deve atender rigorosamente as etapas essenciais descritas abaixo para que o resultado final seja satisfatório:

Assentamento de fôrmas
A função básica das fôrmas é de contenção lateral do concreto lançado ou de término de jornada de trabalho, além, logicamente, de em certos processos de adensamento do concreto, servirem de suporte para o equipamento utilizado para adensamento e nivelamento do concreto (réguas vibratórias). As fôrmas podem ser de madeira ou aço e permitir a passagem das cordoalhas, posicionadas no eixo médio do piso.

Colocação da Camada de Deslizamento
A camada de deslizamento é executada mediante a colocação de folhas de polietileno (habitualmente chamada de lona plástica) sobre toda a área a ser concretada e tem como função principal reduzir o atrito entre a placa de concreto e a sub-base, otimizando o dimensionamento do piso.

Armação da Placa
A armação da placa de concreto protendido recebe duas nomenclaturas: "armação ativa" (composta pelos cabos de protensão – no caso em estudo, as cordoalhas plastificadas engraxadas) e "armação passiva" (composta pelas demais ferragens - de fretagem e de reforço – constituídas de aço CA50 e CA60/Telas). A função das armaduras ativas e passivas é transmitir a força de protensão dos cabos ao concreto. No processo de armação da placa de concreto protendido também estão inseridas as placas de ancoragem e acessórios de protensão, responsáveis pelo posicionamento, fixação e transferência da carga dos cabos de protensão à placa de concreto. Os cabos de protensão deverão ser cortados em conformidade com os comprimentos indicados em projeto e para a garantia do seu correto posicionamento e das demais armaduras deverão ser utilizados espaçadores plásticos. Os cabos devem estar alinhados e com suas extremidades posicionadas e ancoradas conforme definições de projeto.

Lançamento e espalhamento do concreto

O lançamento e espalhamento do concreto precedem as operações de adensamento e acabamento e são da mesma forma importantes para obtenção de uma boa homogeneidade da massa. O lançamento do concreto deve ser feito, preferencialmente, lateralmente à faixa a executar, independentemente da largura da pista, pois dessa maneira não interfere na armadura posicionada na placa que será concretada. Deverá ser exigido fornecimento contínuo do concreto, a fim de evitar problemas de juntas frias ou emendas de acabamento, garantindo-se uma superfície final homogênea.

Adensamento e nivelamento do concreto.
A finalidade básica do adensamento é obter-se a máxima densidade do concreto, garantindo-se elevada resistência mecânica. Deve ser realizado obrigatoriamente por vibração superficial através de Laser Screed ou régua vibratória, exigindo-se, entretanto, o emprego de vibradores de imersão em pontos onde a vibração superficial é insuficiente, principalmente próximo às bordas das juntas construtivas e de encontro.

Acabamento Superficial
As operações de acabamento do concreto devem ser executadas sequencialmente em tempo adequado dentro do período de endurecimento do concreto e têm por finalidade proporcionar uma superfície densa, com resistência mecânica e textura superficial adequadas à futura utilização do piso ou pavimento, sendo que o tipo mais comum de acabamento final nos ambientes internos é o espelhado ou vitrificado.

Cura do concreto
A realização da cura do concreto visa impedir a perda de água pela superfície exposta do concreto - possibilitando que o cimento se hidrate uniformemente e completamente, diminuindo a possibilidade de empenamento por ressecamento da face superior – e evitar o surgimento de fissuras por retração, garantindo a resistência superficial à abrasão. A cura poderá ser feita com água durante sete dias e/ou através de agentes químicos.

Protensão
A protensão dos cabos deverá ser executada em etapas, visando combater o aparecimento de fissuras, seguindo a seqüência determinada pelo projetista. A primeira etapa é aplicada poucas horas após a concretagem da faixa. A protensão inicial dos cabos longitudinais, da ordem de 20% da carga total (para a cordoalha de 12,5 mm tem-se um total de 15 toneladas força por cordoalha), deve ser aplicada quando o concreto atingir a resistência especificada em projeto (habitualmente da ordem de 10MPa). Para a execução da protensão, devem ser seguidos critérios como força de protensão e alongamento para cada cabo, resistência mínima do concreto na ocasião da protensão, número de etapas e ordem de protensão, valor e variação admitida para o alongamento de cada cabo. A protensão final deve ser executada quando o concreto atingir resistência à compressão mínima especificada em projeto (habitualmente da ordem de 30MPa), enquanto a protensão dos cabos longitudinais somente após a concretagem de todas as faixas que compõem a placa. Deverão ser tomados cuidados especiais na instalação do macaco e colocação das cunhas para que o mesmo fique perfeitamente apoiado nas ancoragens, eliminando os riscos de problemas no momento da protensão.

 

Hernando Macedo Faria
Agosto 2009

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