quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Concreto Submerso

Até debaixo d'água


Cuidados garantem uma boa concretagem submersa. No meio marinho, traço deve ter outras características



Fotos: divulgação

Concretagem submersa é toda aquela aplicada em presença de água doce ou salgada. É muito usada em tubulões, estacas barrete, estruturas de contenção, barragens, pilares de cais, portos e em paredes-diafragma com o auxílio de lama bentonítica.

Fotos: divulgaçãoA principal característica desse concreto é a maior coesão dos grãos, o que não permite sua dispersão no contato com a água, oferecendo maior resistência ao ataque químico.A dosagem é feita com aditivos, dependendo da agressividade do meio onde será inserido.

Segundo o engenheiro Hildegardo Nogueira Filho, da Belov Engenharia, existem duas formas de se trabalhar o concreto off-shore.

Uma maneira é a chamada prepacked, nesse caso a fôrma é montada submersa e é cheia com brita. Depois,

Patologias

Fotos: divulgaçãoSegundo o engenheiro Newton Goulart Graça, gerente-adjunto do Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas, as principais patologias que as estruturas de concreto off-shore podem apresentar são: a corrosão das armaduras pelo ataque por cloretos, presentes em quantidades elevadas na água do mar (o problema torna-se mais grave ainda no trecho da estrutura sujeito à variação das marés); expansão álcali-agregado, devido ao uso de agregados reativos com o cimento; e pressão de cristalização dos sais dentro do concreto, quando faces da estrutura estão expostas a diferentes condições de molhagem/secagem. "Essas estruturas ainda estão sujeitas à erosão provocada pelas correntes marinhas ou ao efeito de ondas, e à ação do gelo/degelo em climas frios", completa Goulart.

Como evitar os problemas

• Dose o concreto cuidadosamente, com baixa relação água-cimento (máxima de 0,4) e utilize adições minerais, como sílica ativa ou metacaulim associadas a cimentos compostos com cinzas volantes ou escória de alto-forno. O refinamento da microestrutura do concreto proporciona uma baixa permeabilidade, impedindo a penetração de íons cloretos e outros íons agressivos.

• Utilize cimentos que inibam a reatividade dos agregados, seja com relação aos álcalis, seja com relação a outros agentes como sulfatos ou magnésio.

• Elabore um bom projeto. Estabeleça cobrimentos mínimos de armadura de 50 mm para concreto armado e de 75 mm para concreto protendido e abertura máxima de fissuras de 0,1 a 0,2 mm, de acordo com a recomendação do CEB e ACI 224 R-80.

• Confira a produção do concreto, A exposição da estrutura ao movimento das marés e o uso de agregados inapropriados, que provocam expansão álcali-agregado, provocam exposição da armadura

lançamento, adensamento, cobrimento das armaduras e cura. Concretos que porventura forem mal adensados devem ser reparados antes da exposição. A cura deve iniciar-se tão logo o concreto comece a endurecer.


Parede-diafragma

Fotos: divulgação
Tremonha posiconada para lançamento: equipamento exige concreto auto-adensável, com alta plasticidade
Fotos: divulgação
A fôrma para receber o concreto pode ser de mandeira, removível ou metálica definitiva e incorporada à estrutura

Uma estrutura muito utilizada em obras submersas, com o auxílio de lama bentonítica, é a parede-diafragma contínua, construindo-se no subsolo um muro vertical de concreto armado de espessura variável de 30 até 120 cm, podendo alcançar profundidades superiores a 50 m.

A parede-diafragma é executada em painéis (sucessivos ou alternados) ou lamelas, cuja continuidade é assegurada com o auxílio de um tubo ou chapa-junta, colocado após a escavação do painel e retirado logo após o início do endurecimento do concreto. Esse sistema pode ser usado em fundações de grandes obras hidráulicas, como obras de canalização do leito dos rios, obras contra enchentes, obras portuários e outras.

Através de tubos, colocados no meio da brita, é feita a injeção da massa de cimento. Essa injeção, que pode ser efetuada tanto por pressão quanto por gravidade, é feita de baixo para cima até a fôrma transbordar. Esse transbordamento é necessário para que a primeira nata, contaminada pela água do mar, seja descartada. A próxima nata, pura, é a que vai fazer parte da estrutura. Esse processo de contaminação do concreto pela água do mar, com alteração logicamente de sua dosagem original, é chamado de lavagem do concreto.

A outra maneira de se fazer a concretagem submersa é colocar o produto pronto diretamente na fôrma, o concreto submerso feito com o uso de tremonha. Enche-se a fôrma com o concreto até transbordar, o que também evita que a estrutura seja formada com a primeira nata, contaminada. Essas estruturas são utilizadas em pontes e tubulões de construções portuárias.

As fôrmas podem ser de dois tipos: de madeira ou metálicas. As de madeira são removidas depois da estrutura pronta; já as de metal podem tornar-se parte da estrutura, como acontece em pilares de cais.

Atenção

Muitos cuidados devem ser tomados na execução das obras submersas. Uma das primeiras precauções é a análise do solo submerso, feita com as sondagens à percussão (solos moles) ou rotativas (solos rochosos).

No caso de concreto lançado por tremonha,é necessário que tenha grande plasticidade e seja auto-adensável, com fator água-cimento (a/c) menor ou igual a 0,45. Essas características são obtidas adicionando-se aditivos plastificantes e retardadores. Os concretos auto-adensáveis não necessitam de processo de vibração mecânica após lançamento em fôrma, pois se comportam como uma pasta bem fluída.

Esses processos de concretagem requerem o acompanhamento de mergulhadores, que verificam a calda subindo dentro da fôrma e evitam os vazamentos. Além desse acompanhamento, também existem cuidados com o controle do tempo de injeção e lançamento do concreto, além do controle da retirada da tremonha. "O tubo deve subir dentro da fôrma paulatinamente à medida que o nível do concreto em lançamento também sobe, e nunca se deve deixar que passe acima do nível do concreto", ensina Hildegardo Nogueira. Isso alteraria as qualidades do concreto com a contaminação da água do mar.

Em algumas obras submersas pode-se usar também o concreto prémoldado. A vantagem é a redução do trabalho embaixo d'água, já que o tempo de mergulho é limitado e a mão-de-obra e equipamentos necessários são caros.


Nenhum comentário:

Powered By Blogger

Marcadores

GESTÃO (376) HR (9) MEIO AMBIENTE (12) PISOS (2) SAÚDE (15) TECNOLOGIA DO CONCRETO (360) UTILIDADES (14) VIAGENS (1)

Pesquisar este blog

Total de visualizações de página