sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Como lidar com a raiva?

Reconheça e trabalhe essa emoção primária

Carolina Beu

Não é sempre que conseguimos tirar de letra as adversidades do dia a dia. Muito pelo contrário. É diante de situações corriqueiras como uma fechada no trânsito, aquela fila do banco ou uma discussão no trabalho que a nossa paciência acaba e entra em cena um sentimento muito peculiar a nossa existência. Considerada uma emoção primária do ser humano, a raiva, quando mal canalizada, pode sim trazer grandes prejuízos à saúde. Mas, acredite, a função dela não é envenenar a sua alma. 

Como tudo na vida, o que está em voga é a questão do equilíbrio. Segundo Iraci Galiás, psiquiatra e analista junguiana, a raiva, tal como a tristeza e a inveja, são consideradas 'emoções negativas' e, por essa razão, costumam ser mal compreendidas. "Essas emoções não podem ser engolidas pelo 'eu', nem tampouco serem despejadas em cima dos outros. Precisamos reconhecê-las e elaborá-las para assim percebermos de onde elas vêm, o que as causou e o que podemos fazer para modificar tal situação", afirma.

Em outras palavras, sentir raiva não é pecado. Em determinadas situações, essa emoção é capaz de nos dar vigor e energia para reagirmos diante de injustiças ou abusos e, dessa forma, conseguimos mudar as situações ao nosso redor. De acordo com Iraci, o problema consiste na maneira como encaramos nossas emoções. "Para que a raiva não seja prejudicial é importante reconhecermos as circunstâncias que a desencadeiam. Às vezes, um momento de raiva é fundamental para nos autoconhecermos". 

Não estoque o sentimento
A palavra 'raiva' vem do latim rabia e, em sua origem, quer dizer 'doença'. No entanto, sentir a raiva é muito diferente de estocá-la. A primeira situação é trivial e, como vimos, pode até se mostrar favorável. Guardar a raiva, porém, é muito prejudicial à saúde. Para se ter uma ideia, um recente estudo realizado na Universidade de Valência, na Espanha, detalhou quais alterações a raiva pode causar nas respostas cerebral, cardiovascular e hormonal do nosso organismo.

Segundo os pesquisadores, um acesso de fúria é capaz de elevar o ritmo cardíaco, a pressão arterial e a produção de testosterona, além de aumentar o nível de cortisol e intensificar a atividade do hemisfério esquerdo do cérebro. "A raiva 'engolida' é nociva à saúde. Essa situação pode estimular a liberação de adrenalina, elevar o cortisol (hormônio do estresse) e predispor o indivíduo a problemas circulatórios, hipertensão arterial e reações somáticas", explica a Iraci.

Algumas pessoas ficam furiosas com muita facilidade. Normalmente, são indivíduos que possuem um humor irritadiço e uma autoestima danificada. Os principais agravantes dessa condição acabam se revelando em relações interpessoais tumultuadas e num alto nível de estresse. Uma das principais estratégias para evitar que esse sentimento torne-se desproporcional e intenso consiste em reconhecer e evitar os eventos que o desencadeia.

Se acaso suspeitar que o dia lhe reserva surpresas desagradáveis, saia de casa mais cedo e pratique alguma atividade física. Segundo pesquisadores da Universidade da Geórgia, nos EUA, exercícios prévios podem abrandar o humor nervoso e irritadiço. Ao que parece, a raiva e o comportamento agressivo também estão associados a baixos níveis de serotonina. Alguns estudos recentes demonstram que manter-se ativo fisicamente pode aumentar os níveis desse hormônio, que funciona como uma espécie de calmante em nosso cérebro.

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