sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Inibidores de Corrosão - Boletim da ANAPRE


Largamente utilizados em pavimentos nos EUA, onde os sais de degelo provocam grande dano às estruturas de concreto armado, estes materiais apresentam grande potencial de uso no Brasil, principalmente em pisos e instalações industriais localizadas na faixa litorânea (ambiente marinho).

Inibidores de corrosão, como o próprio nome diz, são substâncias químicas capazes de inibir e/ou reduzir o processo de corrosão do aço. Na década de 60, em pesquisas que visavam o desenvolvimento de aceleradores de pega que não possuíssem efeitos negativos na corrosão (como os aceleradores de base cloreto), foram desenvolvidos produtos, que além de acelerar a pega do cimento, também possuíam a capacidade de inibir e/ou retardar o processo de corrosão do aço (LIMA, 1996). Vale ressaltar que uma parte dos inibidores comercializados atualmente tem como característica serem aceleradores de pega.

Os inibidores de corrosão agem basicamente de três formas distintas, que podem ocorrem, ou não, concomitantemente:

  1. Interferem nas reações anódicas e/ou catódicas, alterando a velocidade com que o processo corrosivo se desenvolve (formam nós complexos com os íons cloreto);
  2. Alteram a camada de passivação do aço, aumentando a sua estabilidade;
  3. Adsorvem-se na superfície do metal, formando um filme que impede as reações na superfície do mesmo.

A forma de atuação dessas substâncias interfere diretamente na resposta eletroquímica do sistema concreto-aço. Segundo WRANGLÉN (1972) apud LIMA (1996), uma das formas de classificação dos inibidores é segundo sua forma de atuação, ou seja, como estes interferem na polarização do sistema: catódicos, anódicos, ou mistos.

A Figura 1 mostra claramente como a interferência promovida por estes produtos nas reações de corrosão altera o equilíbrio eletroquímico do sistema concreto-aço, resultando em diferentes situações. Em todos os casos, observamos a redução da corrente de corrosão, como era esperado, porém em cada caso, o potencial de corrosão assume valores diferentes, ora maiores, ora menores que o valor inicial. Essa informação é muito importante, pois o desconhecimento destes mecanismos pode levar a interpretações erradas sobre o funcionamento destes materiais.

Atualmente, são encontrados no mercado diversos tipos de inibidores de corrosão. Estes podem ser vendidos na forma de pó ou líquido para ser adicionado ao concreto e/ou argamassa quando da execução de uma obra nova ou reparo. Mais recentemente novos produtos têm sido desenvolvidos e pesquisados, os quais podem ser aplicados diretamente sobre a superfície do concreto, onde estes penetram e migram até a superfície do aço, protegendo-o. Estes são os chamados MCI (migrating corrosion inhibitors).

Entretanto, existe muita controvérsia a respeito da capacidade destes últimos realmente alcançarem a superfície do aço (JAMIL et AL., 2005; HOLLOWAY et AL., 2004;). Dos inibidores existentes no mercado, a maioria tem como base as seguintes substâncias químicas:

  • Nitrito de sódio e de cálcio;
  • Aminas, amino-álcool, amino-carboxilato;
  • Mono-flúor fosfato de sódio;
  • Óxido de zinco;
  • Silano organo-funcional base flúor.

Destes produtos, os mais utilizados atualmente são os de base nitrito de cálcio e sódio. O uso destes materiais em concretos e argamassas, além de economicamente viável, contribui significativamente para o aumento da durabilidade das estruturas de concreto armado.


Mauricio Luiz Gronoski Garcia
Outubro 2009


Referências Bibliográficas:
JACOB, T.; HERMANN, K. Protección de las superficies de concreto: Impregnaciones hidrófobas. Construcción y Tecnología, p. 17-23, 1997.
LIMA, M.G. Inibidores de corrosão: avaliação da eficiência frente à corrosão de armaduras provocada por cloretos. São Paulo, 1996. Tese (Doutorado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. p. 34-36


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