19 de janeiro de 2009 às 00:10
Por Karin Sato - InfoMoney
Parece fácil. Predomina o pensamento: "se fizer o que gosto, serei mais feliz e o sucesso será conseqüência!". A coach, psicóloga organizacional e consultora do IDORT/SP, Rosana Bueno, ela mesma, proferia esse discurso em palestras e cursos. Quem nunca ouviu a tese? Até que, um dia, ela se sentiu desafiada a provar por A mais B que a recomendação preferida dos especialistas em Carreira era verdadeira.
O tombo foi grande. Ao pesquisar em empresas o que levava as pessoas a serem bem-sucedidas, a ocupar cargos altos e terem salários admiráveis, concluiu que não basta fazer o que gosta. Justamente os profissionais que gostavam do que faziam e tinham talento para tal não subiam de cargo.
"O que mais se fala é que fazer o que gosta leva ao sucesso. Mas muitas pessoas passam a vida a fazer o que gostam e não atingem o sucesso nem enriquecem. Por outro lado, encontrei muitos profissionais menos talentosos em cargos acima dessas pessoas talentosas e apaixonadas pela profissão", explica.
O que leva ao fracasso?
Em suas pesquisas, Rosana concluiu que um dos fatores que levam a pessoa que gosta do que faz ao fracasso é a falta de esforço. Explica-se: em muitos casos, o "gostar" é acompanhado de talento.
Em outras palavras, se alguém opta por um curso de jornalismo, geralmente, é porque tem aptidão para escrever bem e o faz com pouco esforço. Se alguém escolhe ser designer gráfico, é porque é criativo e consegue criar o design de um livro, uma revista ou um calendário com facilidade. "Quando se tem talento, a coisa flui naturalmente. É quase instintivo", sublinha.
"Olhei para dentro das organizações e encontrei muita gente talentosa e que gostava do que fazia em cargos de pouco destaque. O problema é que, por conseguirem realizar suas atividades muito facilmente, com pouco esforço, essas pessoas não se esforçavam tanto quanto aquelas sem talento para o que faziam", afirma.
"Se o diretor da empresa pede um relatório ao profissional com pouca aptidão para o trabalho que desenvolve e também ao outro com talento nato, o primeiro passará a noite elaborando o material, detalhando as informações, ao passo que o segundo não se esforçará tanto nem fará questão de direcionar muito tempo e energia para tal".
A diferença, portanto, está no nível de esforço. Assim, o talento, somado ao "gostar", à formação e ao esforço é a combinação perfeita para se obter sucesso.
No entanto, há outro problema que ocorre com frequência: trata-se da promoção do profissional mediano, e não do talentoso, simplesmente porque este faz seu trabalho de forma esplêndida, segundo Rosana. Conclui-se que, em algumas empresas, os talentosos estão fadados a não sair do lugar.
A escolha da profissão e o sucesso
A consultora do IDORT/SP lembra que, hoje, as pessoas escolhem uma profissão por quatro motivos: ou porque gostam; ou porque dá dinheiro; ou porque dizem que é a profissão do futuro; ou porque é a profissão da moda.
Rosana lembra que, um dia, uma menina de 13 anos perguntou a ela: "Gisele Bündchen é mesmo a mulher mais bonita do mundo?". Provavelmente não, mas o fato é que Gisele tem talento para o que faz. Foi quando a menina questionou: "E se eu não gostar do meu talento?".
Existem profissões que preenchem o imaginário das pessoas, de maneira que uma pessoa com talento para arquitetura pode querer fazer um curso de moda. Outra com aptidão para engenharia pode preferir o turismo. Fica a dúvida: essas pessoas sem talento para a profissão que escolheram podem atingir o sucesso? "É claro que sim. É possível que elas sofram mais do que aquelas com talento nato, porque terão de abrir mão de mais coisas, se esforçar mais, estudar mais, mas nada as impede de serem bem-sucedidas", responde Rosana.
Moral da história: nem todos nós somos "Gisele Bündchen", ou um talento nato, mas os especialistas em Carreira estavam certos. Fazer o que se gosta é um primeiro passo para o sucesso.
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