O crescimento do consumo é baseado em projeção de alta de 150% do PIB (Produto Interno Bruto) do país --o que equivale a uma expansão de 4% ao ano--, chegando a US$ 2,4 trilhões em 2030. Ajustado pela paridade do poder de compra, o PIB passaria a US$ 2,5 trilhões --menor apenas que a dos Estados Unidos, China, Índia e Japão. Neste intervalo, o país ultrapassaria Alemanha, Reino Unido e França.
Segundo Fernando Garcia, da FGV Projetos, o estudo é justificado pela premissa de que o país passará por um período de desenvolvimento sustentado. "Com a percepção de estabilidade, passamos a ter uma necessidade de planejamento de longo prazo que não tínhamos antes", disse.
O consumo crescerá R$ 1,9 trilhão entre 2007 e 2030, passando de R$ 1,4 trilhão para R$ 3,3 trilhões. A pequisa ressalta que, além de aumentar significativamente em valores, o perfil do consumo mudará, se tornando ainda mais concentrada classe média e voltada para uma população mais velha, entre 30 e 55 anos.
Segundo Garcia, o perfil do consumidor brasileiro em 2030 é determinado por quatro variáveis: demográfica (crescimento cada vez menor da população, o que a envelhece), universalização da educação, estabilidade de preços e mobilidade social.
"A educação ampliada e a estabilidade de preços leva à mobilidade social. Mais pessoas sairão de classes de renda menores e irão para as maiores. E, com isso, consumirão mais também", disse.
Quanto à distribuição de renda, todas as classes sociais terão elevação, exceto a E (renda de até R$ 1000 por família). "A classe média será maioria, e surgirá uma classe de novos-ricos significativa", explica Garcia. Pelas contas do estudo, as classes B e A (renda familiar mensal de R$ 4 000 a R$ 16 000) responderão por quase metade (47,5%) do crescimento do consumo.
Com as mudanças no perfil do consumidor, os setores de consumo que crescem mais também sofrerão alterações. Um exemplo é o consumo de alimentos in natura --o ramo de produto que menos crescerá até 2030, a 2,5% ao ano. "O mercado será mais sofisticado", disse Garcia. "No caso dos alimentos in natura, por exemplo, há a queda porque as pessoas passam a se alimentar mais fora de casa."
A agregação de valor no consumo explica o crescimento anual mais significativo para os ramos de higiene pessoal e limpeza (4,8%), saúde (4,4%), serviços financeiros (4,4%), educação e cultura (4,3%) e habitação (4,2%). Já em termos absolutos, o ramo de habitação dará a maior contribuição da alta do consumo até 2030 --R$ 505,8 bilhões, ou 26,7% do total do crescimento. Será seguido pelos serviços de utilidade pública --gás, saneamento, energia e lixo--, com 12,4% do total (R$ 234 bilhões).
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